EXPANSÃO
MARÍTIMA
1. Como falar em "Descobrimentos"
se, já no século X, os vikings, provenientes da Escandinávia atual, alcançaram
o extremo norte do continente americano? Em 984, o viking Eric, o Vermelho,
atinge o sul da Groenlândia. No ano 1000, Leif Erikson chega à terra de Baffin
e à Península do Labrador, no Canadá atual. Mas não se fixaram ou colonizaram
essas terras.
(Carlos
Guilherme Mota)
A historiografia tradicional denomina de
Descobrimentos o período:
a) de expansão da civilização islâmica responsável pelo desenvolvimento das técnicas
e aparelhos de navegação.
b) da descoberta de novos
continentes e expansão das regiões produtoras e consumidoras, responsável pelo
surgimento de um mercado mundial no início da Idade Moderna.
c) de ascensão econômica da burguesia
marítima- industrial e implantação nas novas terras descobertas do modo de
produção capitalista.
d) da generalização do comércio pela Europa
Oriental a partir do século XI, responsável pela reabertura do mar Mediterrâneo
ao comércio europeu.
e) da exportação de capitais excedentes
provenientes da América para as áreas coloniais e semicoloniais da Ásia e da
África visando assegurar o controle das regiões produtoras de matérias-primas.
2. A respeito da expansão marítima européia,
podemos afirmar, corretamente que:
a) as inovações tecnológicas como a bússola, o
astrolábio e novos modelos de navios são fundamentais e suficientes para
explicar aquela expansão.
b) a privilegiada localização geográfica de
Portugal explica, suficientemente, o pioneirismo luso na expansão marítima dos
séculos XV e XVI.
c) as figuras imaginárias convivendo
com instrumentos científicos mostram como a razão e a fantasia estavam
presentes naquela aventura.
d) as navegações e as descobertas das
expedições reforçaram as novas idéias de que a Terra era redonda bem como do
geocentrismo.
e) a chegada de Vasco da Gama a Calicute
fortaleceu o comércio indiano de especiarias através do Atlântico e quebrou a
hegemonia das cidades italianas.
3. Relacione os versos, abaixo apresentados, à
expansão marítima de Portugal:
"O sonho é ver as formas invisíveis
de distância imprecisa, e, com sensíveis
movimentos de esperança e de vontade,
buscar na linha fria do horizonte
a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
os beijos merecidos da verdade."
(Fernando
Pessoa)
Tomando por base o conteúdo, expresso através
da poesia apresentada, o descobrimento do Brasil representou:
a) o resultado do planejamento adequado da
Escola de Sagres, que condenava o espírito aventureiro.
b) a demonstração da fantasia dos
lusitanos, complementada pelas experiências técnicas, desenvolvidas na arte
náutica.
c) a dependência da expansão marítima lusitana
à influência do romantismo na nobreza de Portugal.
d) a prova da influência do predomínio da
burguesia na nobreza lusitana, expressa na aceitação do desafio de enfrentar
rotas desconhecidas.
e) a execução do plano de cooperação
internacional, pois as técnicas marítimas lusitanas eram fornecidas pelos
italianos.
4. Vasco da Gama singrou águas de dois
oceanos, aportou em três continentes e desembarcou em terras sofisticadas,
eventualmente até mais desenvolvidas, em vários aspectos, que a sua pátria
lusitana. Ao fazê-lo, não apenas abriu as portas para os chamados
descobrimentos portugueses, mas deu início ao período que alguns historiadores
chamam de "era da dominação européia na História". A partir dessas
informações, julgue os itens que se seguem.
(1) Além de obter acesso aos condimentos
indispensáveis à conservação dos alimentos, como o cravo, a canela e a pimenta,
a expansão marítimo-comercial portuguesa promoveu a escravização do
trabalho humano e o alargamento das
fronteiras mercantis européias.
(2) A exploração colonial dos Tempos Modernos
favoreceu, ainda que de forma desigual, o crescimento social e econômico
europeu e possibilitou a acumulação de
riqueza necessária para o processo industrial dos séculos XVIII e XIX.
(3) O que se convencionou denominar
neocolonialismo conservou as mesmas estruturas do antigo colonialismo, embora
sob a égide de uma nova orientação política e financeira: o absolutismo reinou
e o mercantilismo exclusivista.
(4) As teses liberais do século XIX, à revelia
das críticas ortodoxas, estimularam as intervenções do Estado nos negócios
comerciais e financeiros, o que fortaleceu os laços de dependência das colônias
americanas às metrópoles européias.
ESTÁ(ÃO) CORRETA(S):
a)
Somente
1
b)
Somente
2
c)
Somente 1 e 2
d)
Somente
3 e 4
e)
Todas
5. "A 16 de setembro, vimos flutuar
pequenos maços de ervas marinhas que pareciam ainda frescas..., o que fez todos
acreditarem que a terra se aproximava."
(COLOMBO,
Cristóvão. In: ISAAC, J. & ALBA, "A História Universal - Idade
Média". São Paulo, Mestre Jou, 1967, p.193)
Este breve fragmento, extraído do diário de
bordo escrito em 1492 por Cristóvão Colombo, tem um significado especial no
processo de expansão das fronteiras européias. Podemos afirmar que a chegada à
América faz parte do processo da(o):
a) expansão da economia mercantil e
do fortalecimento da classe burguesa.
b) ampliação do movimento da Reconquista e da
consolidação dos Reinos Cristãos Ibéricos.
c) decisão tomada no Tratado de
Tordesilhas e do fortalecimento
econômico da Espanha.
d) utilização de novas rotas em direção ao
Oriente e da tomada de Constantinopla pelos turcos.
e) descobrimento das novas técnicas de
navegação e da assinatura da Bula Inter Coetera.
6. O ano de 1998 marca os quinhentos anos do
Descobrimento do Brasil, pois, "Em 1498, D. Manuel ordenava que Duarte
Pacheco Pereira navegasse pelo Mar Oceano, a partir das ilhas de Cabo Verde até
o limite de 370 léguas [estipuladas pelo Tratado de Tordesilhas]. É esta a
primeira viagem, efetivamente conhecida pelos portugueses, às costas do litoral
norte do Brasil"
(FRANZEN,
Beatriz. A presença portuguesa no Brasil antes de 1500. In: ESTUDOS
LEOPOLDENSES. São Leopoldo: Unisinos, 1997. p. 95.).
Esse fato fez parte
a) da expansão marítimo-comercial
européia, que deslocou o eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico.
b) da expansão capitalista portuguesa, em sua
fase mercantil-colonial plenamente consolidada no Brasil.
c) do avanço marítimo português, tendo Duarte
Pacheco Pereira papel relevante na espionagem e pirataria no Atlântico.
d) do processo de instalação de feitorias no
Brasil, pois Duarte Pacheco Pereira instalou a primeira feitoria, ou seja, São
Luiz do Maranhão.
e) das expedições exploradas do litoral
brasileiro, cujo papel de reconhecimento econômico e geográfico coube a Duarte
Pacheco Pereira.
7. O processo de expansão marítima da
Península Ibérica iniciou-se ainda nos fins da Idade Média. A Espanha, ainda
dividida e tendo parte de seu território ocupado pelos mouros "andou
atrás" de Portugal. Podemos afirmar que foram fatores decisivos do
pioneirismo português em termos expansionistas EXCETO:
a) o processo de centralização política e
administrativa precoce do país, a partir da Revolução de Aviz
b) a presença de uma nobreza
fortalecida que, a partir dos impostos feudais, propiciou o capital necessário
à empreitada expansionista
c) a formação de quadros preparados para as
grandes aventuras marítimas na Escola de Sagres
d) o contato e o aproveitamento da cultura
moura por parte dos portugueses
e) o incentivo governamental à expansão
8. Considere as seguintes afirmações.
I. Com a descoberta do caminho para as Índias,
contornando a África, Portugal passou a dominar o comércio de especiarias,
beneficiando a burguesia.
II. Enquanto os portugueses exploravam a costa
africana e descobriam o caminho para as Índias, os espanhóis, na audaciosa
viagem de Colombo, tinham por objetivo atingir a China através do Atlântico.
III. O plano de Cristóvão Colombo para atingir
as Índias consistia em chegar a oeste viajando no sentido leste.
IV. Entre 1497 e 1498, Vasco da Gama completou
a epopéia marítima portuguesa, aportando em Calicute, nas Índias.
Dessas afirmações,
a) somente uma está correta.
b) somente duas estão corretas.
c) somente três estão corretas.
d) todas estão corretas.
e) nenhuma está correta.
TEXTO COMPLEMENTAR
O REAL E O IMAGINÁRIO
Os séculos XV e XVI são
conhecidos como os séculos dos grandes
descobrimentos, para os europeus. Descobrimento do litoral africano, do novo caminho marítimo para as
Índias, da América e também do Brasil. Foi uma época de realizações
epopéicas, como a viagem de circunavegação. Aventuras marítimas que o poeta lusitano Camões considerou como
feitos maiores do que os dos mitos e
heróis gregos e romanos.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
De
verdade, pode-se dizer que esse período, para europeus, foi o momento do descobrimento do planeta Terra. Até então, as terras e mares conhecidos dos europeus não iam muito além do próprio continente, se for considerado o tamanho total do planeta. Com as navegações, a concepção do mundo mudou. Os horizontes do conhecimento alargaram-se.
“Em suas viagens, os europeus encontraram altíssimas montanhas asiáticas com os picos brancos de neve e, na própria Ásia,
terras tão baixas que sempre se alagavam. Encontraram escaldantes desertos africanos, onde os homens, quase mortos
de sede, sofriam miragens e somente os camelos conheciam o segredo da sobrevivência. Na mesma África, contemplaram o rio Nilo, maior rio do mundo, as
cataratas, lagos e lagoas e ainda
savanas habitadas por zebras, girafas, leões. Encontraram na América florestas
tropicais que, de tão deslumbrantes,
incendiaram a imaginação dos homens e os fizeram se de Deus e ter visões do Paraíso.” (AMADO, Janaína e GARCIA, Ledonias Franco. Navegar é Preciso: Grandes
Descobrimentos Marítimos Europeus. SP,
Atual, 1989)
As navegações estimularam a investigação.
Novos conceitos formavam-se. O homem tornava-se mais ousado
nas ciências e nas artes. Havia mais autoconfiança. Evoluíram a física, a matemática, astronomia e os conhecimentos zoológicos
e botânicos, pois conheceram animais
e plantas, nas “novas terras”, totalmente
desconhecidos para eles. Buscava-se compreender melhor os mecanismos do
universo, e até mesmo o funcionamento do
corpo humano, através da dissecação de cadáveres.
Entretanto, ao contrário do que se possa imaginar,
esse avanço científico não desmoronou as fantasias
da época. Em certo sentido, as estimulou. A barreira que
separava o real do imaginário era muito tênue. Pode-se dizer, por
exemplo, que a América já era imaginada antes mesmo de ser
encontrada. Outros lugares eram dados como certos de existirem.
Colombo, ao chegar à América, em um dado momento, pensou
ter chegado ao Paraíso terrestre, que os europeus
pensavam existir. Percebe-se que ciência e crenças populares,
conhecimentos técnicos e fantasias conviviam na mesma aventura. A
maior segurança dos navios estimulava o desejo de encontrar países
imaginários, como Offir, de onde pensavam ser a origem de todas as riquezas dos tesouros do Rei Salomão. Outro lugar
fantástico era o reino do Preste
João, rei cristão que governava um país onde se localizava uma fonte da
juventude e que havia rios repletos de ouro, prata e pedras preciosas.
A sedução por esses lugares (que levou o
homem provavelmente à maior de todas as aventuras) também
era recheada de medos e incertezas. A navegação pelo mar
aberto significava conviver com duras realidades, como
tempestades, doenças, fome e sede. O risco de naufrágio era enorme, não sendo poucas as
embarcações vitimadas. Ao lado desses perigos reais acreditava-se haver outros perigos. Monstros marinhos, imãs que atraíam navios para o fundo do oceano, abismos
enormes onde os navios despencariam
caso chegassem ao fim da terra eram outros
componentes desse universo. O fascínio convivia com o medo.
Percebe-se que o pensar da época certamente difere do de hoje. Não que o ser humano hoje seja incapaz de ter fantasias ou imaginar seres extraordinários. Mas no sentido de que as explicações para a quase totalidade desses fenômenos, reais ou imaginários, àquela época, eram tidos como expressão da vontade divina. É preciso entender que a época dos descobrimentos tem seus signos próprios, ou seja, os referenciais de uma época de profunda transformação, onde o imaginário medieval se funde à uma
realidade completamente nova, nos vários aspectos da vida européia.
Mar Português
“O mar salgado, quanto do
teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram sem casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Fernando
Pessoa,
O
IMAGINÁRIO CRISTÃO NO
NOVO MUNDO
Os
encontros entre os europeus e as sociedades indígenas que ocupavam o território hoje chamado Brasil têm como principais
fontes de informações os relatos escritos pelos europeus, pois os indígenas não conheciam a escrita. Muitas vezes, e quase sempre, o olhar sobre o Novo Mundo era acompanhado de
referências próprias do mundo europeu, com base em suas próprias lendas e histórias bem conhecidas.
referências próprias do mundo europeu, com base em suas próprias lendas e histórias bem conhecidas.
Era como se esse encontro
fosse corroborar, ou tornar verdadeiras, visões idealizadas por eles, como o caso da
crença na existência de um Paraíso Terrestre ou mesmo do Eldorado. Desse modo,
aquilo que é real, o povo indígena, a praia, a mata, os animais, etc.,
acabam também gerando novas visões
idealizadas, ou reforçando as antigas.
Como se a nova terra, lugar de paz e delícias, de cenários magníficos e inocência, pudesse ser ou, pelo menos,
abrigar o lugar onde viveram Adão e
Eva.
Tal visão
vinha sendo alimentada desde que Colombo chegou
às terras americanas. Entretanto, parece que entre os portugueses, a reprodução desse imaginário expressava-se
com “os pés no chão”. Ou seja, o
sonho era alimentado junto à possibilidade
de ter deparado com uma terra de grande potencial econômico e, quem sabe, de encontrar riquezas
materiais, como metais preciosos. Isso pode-se confirmar na própria Carta de Caminha,
a “Certidão de Idade do Brasil”, que, mesmo enaltecendo a beleza natural do lugar, não deixa de vislumbrar as possibilidades de riquezas.
“Nella até agora, não pudemos
saber que haja ouro, nem prata, nem
nenhuma cousa de metal, nem de ferro
lho vimos; pero a terra em si é de muitos
bons ares assi frios e temperados como
os d’antre Doiro e Minho (...) as águas são muito infindas e em tal maneira é greciosa que querendo a
aproveitar dar-se-á n’ella tudo por
bem das águas que tem; pero o melhor fruito que n’ella se pode fazer me parece que será salvar essa gente; e esta
deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ella deve lançar;(...)” (in
ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de História Colonial. São Paulo, Editora da USP, 1988)
De certa forma, esse pequeno trecho é
revelador dos objetivos da expansão marítima portuguesa. O conselho de Caminha ao rei D. Manuel mostra o comprometimento do empreendi-
mento comercial com a expansão do cristianismo. O discurso religioso foi uma das bases da dominação colonial. Além disso, os reinos ibéricos eram comprometidos com o papado, sem falar que a religião servia de sustentação para a hierarquia social e para o poder político na Europa. A outra preocupação expressa era com a existência de ouro e prata. Afinal, naquela época, acreditava-se que o país mais rico seria aquele que possuísse a maior quantidade de metais preciosos. Mas, além dos metais, as navegações lusitanas buscavam outras riquezas materiais: especiarias e artigos de luxo do Oriente. Daí, nos primeiros anos após o contato com a “nova terra” não foi desenvolvido um projeto planejado e estruturado de exploração, como seria a colonização, mais tarde, ainda no século XVI.
mento comercial com a expansão do cristianismo. O discurso religioso foi uma das bases da dominação colonial. Além disso, os reinos ibéricos eram comprometidos com o papado, sem falar que a religião servia de sustentação para a hierarquia social e para o poder político na Europa. A outra preocupação expressa era com a existência de ouro e prata. Afinal, naquela época, acreditava-se que o país mais rico seria aquele que possuísse a maior quantidade de metais preciosos. Mas, além dos metais, as navegações lusitanas buscavam outras riquezas materiais: especiarias e artigos de luxo do Oriente. Daí, nos primeiros anos após o contato com a “nova terra” não foi desenvolvido um projeto planejado e estruturado de exploração, como seria a colonização, mais tarde, ainda no século XVI.
As informações dessa época, sobre a terra, os índios, a natureza e tudo o mais, existem através de relatos de homens como Pero de Magalhães Gandavo, funcionário da Coroa, Gabriel Soares de Souza, senhor de engenho e de índios escravizados, ou de Ambrósio Soares Brandão, judeu convertido que possuía um engenho na Paraíba. Outros importantes relatos são feitos por
jesuítas e outros religiosos, dos quais, os mais importantes são de Manoel da Nóbrega e José de Anchieta. Mas
não só de portugueses obtêm-se
informações. Importantes descrições são feitas por franceses, como Jean de Léry, que com muita frequência andavam por essas bandas, comercializando
com indígenas.
CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE
Janice
Theodoro
Na Idade Média, grande parte da população espalhada pelos feudos não sabia ler nem escrever. As pinturas, os desenhos e as imagens eram muito importantes, ordenavam o mundo para aqueles que não conheciam o latim e comunicavam-se em idioma vulgar.
As imagens, assim como as culturas, eram hierarquizadas, valorizando
sempre a cultura européia em oposição a outras tidas
como exóticas. A maior ou menor capacidade de um povo
em incorporar a doutrina cristã poderia indicar o grau de barbárie: civilizados eram os
europeus. Bárbaros eram todos aqueles que tinham costumes criticados
pelos cristãos. (...)
Nos séculos XIII e XIV o espaço envolvia uma dimensão mítica e não matemática. Se eu comprava uma porcelana com um desenho muito estranho para mim, supunha que aquele
objeto vinha de muito longe. Se eu descrevesse um reino cujo soberano andasse nu, ostentasse jóias e dispusesse de centenas de mulheres, também suporia
distância e dificuldade de acesso a esse lugar. Portanto, a distância não resultava de uma medida matemática, mas da
diferença dos costumes, costumes chamados de exóticos. Logo, figuras -e
não números - indicavam a localização de países e oceanos.
Para o homem contemporâneo, acostumado a manipular a matemática, é
fácil imaginar a distância entre os continentes ou
cidades. Se falamos de Nova York, de Paris ou Maringá,
no Estado do Paraná, imediatamente imaginamos o mapa-múndi, e olhando para
ele podemos ter idéia das distâncias.
Na Idade
Média era muito difícil calcular o lugar de uma cidade em relação a outra ou a distância exata entre dois pontos.
Nos desenhos de antes do descobrimento da América, observamos uma dificuldade
em se adequar as distâncias às proporções. Não se conhecia as regras da perspectiva. Marco Polo, por exemplo, avançou muito na
cartografia quando observou que o
mar-oceano era um só e banhava todos
os continentes.
Assim como
a matemática, a cartografia era trabalho de especialistas.
O renascimento do comércio, o crescimento das cidades e, em especial os
descobrimentos marítimos, alteraram
profundamente a concepção
da natureza e do homem. Buscava-se compreender o universo através
da experiência.