segunda-feira, 19 de março de 2012

EXERCITANDO: IDADE MÉDIA



1. Com base nos seus conhecimentos sobre medievo, julgue as questões abaixo:


(     ) Sociedade estamental fundada no poder político dos senhores e na submissão servil.
(     ) Comunidade social baseada em laços de parentesco cujo poder centralizava-se na figura materna.
(     ) Sociedade classista com possibilidades de ascensão social garantida pela compra de títulos de nobreza.
(     ) Sociedade baseada numa relação entre suseranos e vassalos de cujos laços dependiam a proteção e a segurança de ambos.
(     ) Comunidade primitiva na qual o controle do poder era exercido pelos anciãos e por uma assembléia de notáveis.

2. O predomínio do catolicismo foi significativo no mundo ocidental. Na Idade Média, teve um lugar de destaque na organização social. Nesse contexto, o pensamento católico teve apoio na releitura de filósofos como Aristóteles, que:
(     ) firmou os princípios básicos do que seria a ética cristã; princípios solidários, na época, à doutrina de santo Agostinho.
(     ) contribuiu para as formulações de Tomás de Aquino, repensando certos princípios existentes na época.
(     ) foi aceito sem problemas, pelo clero oficial da Igreja, como o grande pensador do mundo ocidental.
(     ) teve penetração nas idéias da época, sem deixar de causar polêmicas e ser criticado por alguns grupos.
(     ) trouxe contribuições para pensar a ética e a política; Platão também contribuiu, sobretudo, em relação à obra de santo Agostinho.

3. O texto, escrito, em 1587, pelo português Gabriel Soares de Sousa, que se tornou senhor de engenho no Brasil, descreve a natureza e a sociedade encontradas pelos colonizadores portugueses nas terras americanas (depois Brasil). Apesar de escrito no século XVI, percebem-se, no texto, indícios da permanência de idéias e concepções que compunham a cultura predominante no Ocidente medieval cristão. Entre tais idéias e concepções, incluíam-se aquelas sobre o Homem, a Natureza, Deus e o Conhecimento.

Nesse contexto, a respeito da cultura do Ocidente medieval cristão, suas idéias e concepções, é correto afirmar:
a) A Natureza constituía um mundo meramente físico, diferenciado e estranho ao mundo celeste, nela não se registrando evidências da presença divina.
b) A verdade era considerada relativa a cada povo, portanto, não havia uma verdade única e absoluta para toda a espécie humana.
c) O Homem era representado como um ser imperfeito e, por essa razão, deveria deixar a Natureza intocada porque esta é que era perfeita.
d) A verdade era o conhecimento que emanava de Deus, tal como Ele era concebido e representado pela Igreja Católica.
e) O Homem era uma espécie de Deus e, em decorrência, poderia apoderar-se da Natureza e explorá-la sem limites.

4. Conforme lembrou Marc Bloch, o recurso à "maquinaria" era apenas um meio de os monges se conservarem disponíveis para o mais importante, o essencial, quer dizer, o Opus Dei, a oração, a vida contemplativa. Longe de ser uma instalação corrente, o moinho era uma raridade, uma curiosidade, e a sua construção por monges passava, aos olhos contemporâneos, mais como prova de saber quase sobrenatural, quase traumatúrgico dos monges, do que como exemplo de sua habilidade técnica. (...)
Este trabalho monástico tem, sobretudo, aspecto penitencial. É porque o trabalho manual se liga à queda, à maldição divina e à penitência, que os monges, penitentes profissionais, penitentes de vocação, penitentes por excelência, devem dar esse exemplo de mortificação.
                (Jacques Le Goff. "Para um novo conceito de Idade Média", 1993.)

a) Quem exercia o trabalho manual na Europa na Idade Média? Quais valores predominavam em relação ao trabalho manual?
b) Cite um exemplo de valorização do trabalho manual na Idade Média européia.

5. Entre as características do feudalismo, sistema político, social e econômico estruturado na Europa medieval, estão:

a) A existência de uma forte concentração de poder nas mãos dos monarcas.
b) Uma forte monetarização das relações econômicas, favorecendo o crescimento dos núcleos urbanos.
c) A terra não tinha valor, sendo inúmeras vezes concedida aos servos para que cultivassem a agricultura livremente.
d) A existência de uma sociedade estamental, formada por grupos sociais com status fixos, os senhores e os servos, em que os servos eram presos à terra e obrigados a prestar serviços e pagar impostos aos senhores.
e) Uma base econômica voltada ao comércio entre os vários feudos existentes.

6. O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento movimento de destruição de imagens, denominado "querela dos iconoclastas". A questão iconoclasta

a) derivou da oposição do cristianismo primitivo ao culto que as religiões pagãs greco-romanas devotavam às representações plásticas de seus deuses.
b) foi pouco importante para a história do cristianismo na Europa ocidental, considerando a crença dos fiéis nos poderes das estátuas.
c) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens mendicantes dominicanas e franciscanas.
d) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de ostentação de riquezas.
e) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade Média européia.

7. "Aqui em baixo uns rezam, outros combatem e outros ainda trabalham.
                (DE LAON, Adalberão. Carmen ad Rodbertum Regem. In: DUBY, G. "As três ordens:o imaginário do feudalismo". Lisboa: Editora Estampa, 1982. p. 25.)

Esse preceito, apresentado inicialmente pelo bispo Adalberão, no século XI, em parte reflete as funções/atividades mais características do período medieval, em parte tem função ideológica, pois esse ordenamento pretendia fortalecer a divisão e a hierarquia. Ainda sobre a sociedade medieval, é correto afirmar:

a) A divisão acima mencionada reflete uma sociedade na qual a religiosidade se impõe nas várias esferas da vida, em que o braço armado tende a impor seu poder sobre os desarmados, em que a economia se fundamenta no trabalho agrícola.
b) Definida a sociedade entre religiosos, guerreiros e camponeses a partir do Tratado de Verdum, as atividades não permitidas pela Igreja oram perseguidas pelos tribunais inquisitoriais.  c) Diante da limitação das funções às três ordens e perseguição aos comerciantes promovida pelas monarquias nascentes, a atividade comercial declinou, situação essa que se reverteu no século XVI no contexto do Renascimento Comercial.
d) O poder eclesiástico se impunha a partir do momento do batismo, quando era definido o destino de cada criança, de acordo com as necessidades fundadas na sociedade de ordens.
e) A divisão apresentada, característica do período entre os séculos XI e XIII, revela a estagnação econômica da sociedade, o que explica a crise agrícola e o recuo demográfico.

8. Na sociedade medieval, vigorava uma ideologia que considerava as mulheres inferiores aos homens, resultando em um cotidiano marcado pela hegemonia da autoridade masculina. Ainda que a Igreja pregasse que homens e mulheres eram objetos do amor de Deus, não eram poucos os religiosos que percebiam as mulheres como agentes do demônio.
Com base nas informações acima e em seus conhecimentos, assinale a alternativa correta sobre a cultura e a sociedade européias, no período classicamente conhecido como Idade Média.

a) As mulheres eram consideradas inferiores aos homens por serem incapazes de trabalhar com as técnicas tradicionais de cura por meio do uso de plantas medicinais.
b) A mentalidade era profundamente marcada pelo ideário católico, que preconizava, inclusive, o papel que homens e mulheres deveriam desempenhar na sociedade.
c) A submissão feminina à autoridade masculina caracterizou a sociedade daquele tempo como uma organização tipicamente matriarcal.
d) A mulher, ainda que posta em uma condição submissa em relação ao homem, tinha grande poder e influência sobre a Igreja Católica.
e) A condição feminina era fruto da grande influência que o racionalismo científico exercia sobre a cultura daquele período.

9. Leia o texto a seguir:


                "Tem-se como absolutamente certo que, a partir do fim do século VIII, a Europa Ocidental regrediu ao estado de região exclusivamente agrícola. É a terra a única fonte de subsistência e a única condição de riqueza. Todas as classes da população, desde o imperador, que não possuía outras rendas além das de suas terras, até o mais humilde dos servos, todos viviam direta ou indiretamente, dos produtos do solo, fossem eles fruto de seu trabalho, ou consistissem, apenas, no ato de colhê-los e consumi-los. [...] Toda a existência social funda-se na propriedade ou na posse da terra."
                (PIRENNE, H. "História econômica e social da Idade Média". São Paulo: Mestre Jou, 1968. p.13.)

De acordo com os conhecimentos sobre o tema e a sociedade feudal européia, é correto afirmar:

I. As terras comunais, pastagens naturais, pântanos e florestas eram consideradas propriedade legítima dos camponeses.
II. O rei, considerado soberano absoluto, tinha o poder de administrar os feudos de seus súditos.
III. Os laços de vassalagem também se realizavam entre os senhores feudais.
IV. Os servos eram obrigados a prestar serviços nas terras do manso senhorial para o sustento do senhor feudal.

Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

10. "O camponês 'nunca bebe o produto de suas vinhas, nem prova uma migalha do bom alimento; muito feliz será se puder ter seu pão preto e um pouco de sua manteiga e queijo...' ".
                Fonte: HUBERMAN, Leo. "História da Riqueza do Homem". 21. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1986, p. 6.

De acordo com o texto, assinale a alternativa verdadeira sobre as condições de vida dos camponeses medievais.
a) Os camponeses, chamados de servos, exerciam a função de escravos, pois podiam ser vendidos juntos com as propriedades de terras.
b) O sistema de deveres e obrigações sobre a posse da terra tornavam os servos livres para usufruir, como quisessem, de suas terras.
c) Os servos possuíam terras produtivas em abundância, mas não tinham liberdade e nem instrumentos de trabalho.
d) A obrigação de trabalhar, sem pagamento, nas terras dos seus senhores, os colocavam numa vida miserável.

11. Leia atentamente o texto a seguir:

"Na sexta-feira foram de novo prestadas homenagens ao conde, as quais eram feitas por esta ordem, em expressão de fidelidade e garantia. Primeiro prestaram homenagem desta maneira: o conde perguntou se ele desejava tornar-se o seu homem, sem reservas, e ele respondeu 'quero'. (...) Em segundo lugar, aquele que havia prestado homenagem jurou fidelidade ao porta-voz do conde, com estas palavras: 'comprometo-me por minha fé a ser fiel daqui por diante ao conde Guilherme e a cumprir integralmente a minha homenagem, de boa fé e sem dolo, contra todos'; (...) Finalmente, com uma varinha na mão, o conde deu a investidura a todos aqueles que por este fato tinham prestado lealdade, homenagem e juramento".
                ("Antologia de textos históricos medievais". Editado por Fernanda Espinosa. Lisboa: Sá da Costa Editora, 1981, p. 172-173).

O texto acima foi registrado no século XII e descreve um rito que marcava uma relação de dependência entre dois homens, típica do mundo medieval. Pode-se definir essa relação como a que se estabelecia entre o
a) senhor e seu escravo, que demarcava a condição de proprietário daquele sobre este.
b) senhor e seu servo, que determinava as obrigações pecuniárias e tributárias deste.
c) senhor e seu vassalo, que consagrava as alianças e as relações de dependência no seio da nobreza.
d) patrão e seu empregado, em que se estabelecia um contrato de trabalho.
e) mestre e os aprendizes de uma corporação de ofício, que juravam obediência ao primeiro.

12. Na Idade Média (até o final do século XII, quando o papel produzido a partir de trapos começou a se difundir) em vez do papiro usava-se o pergaminho: couro de bezerro, muitas vezes de ovelha ou cabra, curtido e submetido a várias operações até ficar branco, macio, liso e fino.
                FRUGONI, Chiara. "Invenções da Idade Média". Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007. p. 34.

A citação é útil para se entender os obstáculos materiais ao desenvolvimento da vida intelectual na Idade Média. Acerca deste tema, é INCORRETO afirmar:
a) O livro era um produto caro; uma Bíblia, por exemplo, podia exigir o sacrifício de um rebanho de ovelhas.
b) A pouca circulação de livros neste período explica-se pela ausência de universidades e pela extinção do Index.
c) A produção do livro era lenta e difícil, uma vez que todo o processo de transcrição era feito manualmente.
d) Os livros, em sua maioria, eram escritos em latim, uma língua compreendida por poucos, pois não era utilizada no cotidiano da população.

13. "O Quarto Concílio de Latrão, em 1215, decretou medidas contra os senhores seculares caso protegessem heresias em seus territórios, ameaçando-os até com a perda dos domínios. Já antes do Concílio e como conseqüência dele, as autoridades laicas decretaram a pena de morte para evitar a disseminação de heresias em seus territórios, a começar por Aragão em 1197, Lombardia em 1224, França em 1229, Roma em 1230, Sicília em 1231 e Alemanha em 1232".
                (Nachman Falbel. "Heresias medievais", 1976.)

A respeito das heresias medievais, é correto afirmar que

a) o termo heresia designava uma doutrina contrária aos princípios da fé oficialmente declarada pela Igreja Católica.
b) os heréticos eram filósofos e teólogos que debatiam racionalmente a natureza divina e humana da Trindade no século XIII.
c) a Igreja tinha atitudes tolerantes com os hereges de origem popular, que propunham uma nova visão ética da instituição eclesiástica.
d) os primeiros heréticos apareceram nos séculos XII e XIII e defendiam antigas doutrinas difundidas pelo império otomano.
e) a heresia era conciliável com o poder temporal do Papa, mas provocou a ruptura das relações entre a Igreja e o Estado.

14. O período situado entre os séculos X e XV da Era Cristã, didaticamente nomeado de "Baixa Idade Média", foi marcado por profundas transformações, que conduziriam à superação das estruturas feudais e à progressiva estruturação da modernidade, esta marcada pela emergência do racionalismo e do método científico. As alternativas a seguir apresentam alguns aspectos dessas modificações, exceto:

a) Um profundo processo de secularização, que contribuirá para um crescente atrelamento da razão à religião e do natural ao sobrenatural.
b) O individualismo emergirá como forma de um novo humanismo, o que se acentuará no século XVIII com a vitória do Iluminismo.
c) As práticas políticas e econômicas, lenta mas progressivamente, vão se libertando da tutela até então exercida pela Metafísica e pela Teologia;
d) Dá-se uma ampliação do espaço físico, do que decorre o conhecimento de novos mundos e povos.
e) Dá-se a passagem da transcendência à imanência, processo através do qual a verdade revelada cederá lugar à verdade da natureza, com sua própria linguagem e leis;

15. Sobre a religiosidade medieval, é correto afirmar:

a) Com o fim do Império Romano, o Cristianismo, até então perseguido, difundiu-se pela Europa, sendo seus adeptos liberados dos impostos pagos pelos idólatras.
b) A prática da bruxaria, então disseminada nos meios clericais, provocou a reação dos crentes e a Revolução Protestante, levando à renovação da experiência cristã.
c) O ateísmo foi combatido duramente pela inquisição, tendo como conseqüência o desaparecimento dos descrentes até o século XVIII.
d) A experiência da reclusão foi bastante característica na vida religiosa do período medieval, sobressaindo-se a ordem beneditina, fundada sobre o princípio da vida dedicada à oração e ao trabalho.
e) A ativa participação dos leigos na instituição eclesiástica, assim como uma tendência ao enfraquecimento da hierarquia dessa, podem ser apontadas como características do período.

16. A imagem adiante foi concebida em 1434 pelo artista flamengo Jan Van Eyck (1390-1441). A cena foi encomendada pelo mercador italiano Giovanni Arnolfini - retratado na tela ao lado de sua noiva, Jeanne de Chenany - e testemunhava a união conjugal desse casal.


Considerando o contexto social, econômico e artístico em que esse quadro foi pintado, assinale a alternativa INCORRETA.
a) O quadro é indicativo de transformações históricas pelas quais passavam a Europa desde a crise do feudalismo. Ele testemunha a emergência de novas classes sociais e de novos sentidos para a arte no contexto da chamada Revolução Comercial, retratando uma cena cotidiana de pessoas comuns (no caso, burgueses).
b) No século XV, a presença de mercadores italianos no norte da Europa era comum. Flandres e a Península Itálica estavam conectadas entre si desde, pelo menos, o século XIII, fazendo parte de uma grande rede de comunicação comercial, marítima e terrestre constituída na Europa.
c) O quadro demonstra que a nascente burguesia européia, do século XV em diante, passou a gozar de status social correspondente ao da nobreza. Isso porque, ao longo dos séculos XV, XVI e XVII, figurar em obras de arte era privilégio exclusivo dos grupos sociais de maior poder e prestígio.
d) A pintura flamenga do século XV dialogou com o Renascimento Italiano. A técnica da pintura a óleo, por exemplo, foi introduzida em Flandres e também na Itália naquela época. Essa técnica permitiu que pintores flamengos, florentinos e venezianos dessem mais realismo e vivacidade às suas obras.

17. As igrejas góticas - a exemplo da Catedral de Notre Dame - começaram a ser construídas no século doze e estão relacionadas com um momento histórico caracterizado pelo(a)


a) declínio da tecnologia e das cidades comerciais, em decorrência da desagregação do Império Romano.
b) papel das ordens monásticas na estagnação da cultura, da tecnologia e da economia das sociedades feudais.
c) desenvolvimento comercial, pelo enriquecimento das cidades e pelo declínio da Igreja como elemento organizador do mundo medieval.
d) desenvolvimento das cidades, em função da atividade comercial, e pelo papel da Igreja como pólo de poder político e cultural.
e) desestruturação do mundo feudal, provocada por meio do renascimento comercial, pelo declínio das monarquias e pela decadência política e cultural da Igreja.

18. Sobre a cultura na Idade Média, é correto afirmar que:

a) as primeiras universidades européias foram criadas nesse período, sendo as mais antigas localizadas na atual Itália.
b) a escolástica foi a doutrina filosófica que negou as explicações religiosas e ajudou a aprofundar os conhecimentos do mundo natural.
c) o românico e o gótico foram os estilos arquitetônicos presentes em todo o período e predominaram nas construções não-religiosas.
d) as bibliotecas, entre as quais as da Igreja, foram destruídas durante as invasões germânicas, o que impediu qualquer forma de estudo aprofundado no período.
e) a Igreja efetuou a eliminação de todos os traços da herança greco-romana, inexistindo o estudo do direito formal, pois todos os comportamentos eram ditados pelo costume.

19. Os cruzados avançavam em silêncio, encontrando por todas as partes ossadas humanas, trapos e bandeiras. No meio desse quadro sinistro, não puderam ver, sem estremecer de dor, o acampamento onde Gauthier havia deixado as mulheres e crianças. Lá os cristãos tinham sido surpreendidos pelos muçulmanos, mesmo no momento em que os sacerdotes celebravam o sacrifício da Missa. As mulheres, as crianças, os velhos, todos os que a fraqueza ou a doença conservava sob as tendas, perseguidos até os altares, tinham sido levados para a escravidão ou imolados por um inimigo cruel. A multidão dos cristãos, massacrada naquele lugar, tinha ficado sem sepultura.
                J. F. Michaud. "História das cruzadas". São Paulo: Editora das Américas, 1956 (com adaptações).

Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de Chaaban, do ano de 492 da Hégira, que os franj* se apossaram da Cidade Santa, após um sítio de 40 dias. Os exilados ainda tremem cada vez que falam nisso; seu olhar se esfria como se eles ainda tivessem diante dos olhos aqueles guerreiros louros, protegidos de armaduras, que espelham pelas ruas o sabre cortante, desembainhado, degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as casas, saqueando as mesquitas.
*franj = cruzados.
                Amin Maalouf. "As Cruzadas vistas pelos árabes". 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1989 (com adaptações).

Avalie as seguintes afirmações a respeito dos textos, que tratam das Cruzadas.

I. Os textos referem-se ao mesmo assunto - as Cruzadas, ocorridas no período medieval -, mas apresentam visões distintas sobre a realidade dos conflitos religiosos desse período histórico.
II. Ambos os textos narram partes de conflitos ocorridos entre cristãos e muçulmanos durante a Idade Média e revelam como a violência contra mulheres e crianças era prática comum entre adversários.
III. Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cruzadas medievais e revelam como as disputas dessa época, apesar de ter havido alguns confrontos militares, foram resolvidas com base na idéia do respeito e da tolerância cultural e religiosa.

É correto apenas o que se afirma em
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.

20.                           Você me proibiu, senhora,
                               de que lhe dissesse qualquer coisa
                               sobre o quanto sofro por sua causa.
                               Mas então me diga,
                               por Deus, senhora: a quem falarei
                               o quanto sofro e já sofri por você
                               senão a você mesma?
                               DON DINIS. Cantiga de amor. Apud CEREJA, Willian Rodrigues; MAGALHÃES, Thereza Cochar. "Panorama da literatura Portuguesa". São Paulo: Atual, 1997. p. 13. [Adaptado].

Na produção poética medieval, entre outros gêneros, encontram-se as cantigas de amor, que evocam o ideal de amor cortês e encenam, no jogo amoroso, as relações entre os nobres. Com base no trecho citado,

a) identifique quem ocupa o papel de suserano, na cena do jogo amoroso;
b) caracterize o ideal de amor cortês introduzido no universo da nobreza a partir do século XII.

21. Muitas vezes originadas em preconceitos, as razões do temor dos europeus em relação aos estrangeiros, na Idade Média e na atualidade, relacionam-se respectivamente à
a) pequena população de então e à forte explosão demográfica de hoje, principalmente nos países mais ricos.
b) baixa capacidade de defesa do ocidente europeu medieval e ao atual aumento da imigração originária de antigas colônias.
c) pobreza e carência de qualquer unidade religiosa de antes e ao atual apogeu político, cultural e militar.
d) divisão em variados grupos étnicos e religiosos no passado e à ameaça presente de uma unificação católica.
e) precariedade do conhecimento técnico-científico medieval e à atual liderança mundial nas pesquisas tecnológicas.

22. "Em primeiro lugar, fizeram homenagem desta maneira: o conde perguntou ao futuro vassalo se queria tornar-se seu homem sem reservas, e este respondeu: "Eu o quero"; estando então suas mãos apertadas nas mãos do conde, eles se uniram por um beijo. Em segundo lugar, aquele que havia feito homenagem hipotecou sua fé (...); em terceiro lugar, ele jurou isto sobre as relíquias dos santos. Em seguida, com o bastão que tinha à mão, o conde lhes deu a investidura (...)."
                (Galbert de Bruges, in Gustavo de Freitas, "900 textos e documentos de História")

Da situação descrita no documento, resultou
a) a formação de um exército de mercenários, pois os vassalos lutavam por terras, o que se tornou fundamental às monarquias nacionais.
b) o fortalecimento da autoridade dos monarcas, que ganharam o direito de comandar seus vassalos e, assim, reprimir as rebeliões senhoriais e camponesas.
c) a organização das Cruzadas, devido ao interesse do Papado em reafirmar seu poder sobre a cristandade após o Cisma do Oriente.
d) o surgimento de Estados nacionais, já que os reis conseguiram o apoio militar e financeiro dos nobres em sua luta contra os poderes locais.
e) a fragmentação do poder real, uma vez que os vassalos deviam obediência direta a seu suserano, que exercia autoridade em sua região.

EXERCITANDO: ROMA


APROFUNDAMENTO – ROMA

1. O Escravismo constituiu-se em uma das mais importantes instituições das chamadas sociedades clássicas - Grécia e Roma. Sobre o Escravismo Romano, é correto afirmar:

a) Durante a fase final da República romana, o número de escravos diminuiu sensivelmente, aumentando a importância dos camponeses e artesãos livres.
b) Devido à proliferação de movimentos abolicionistas cada vez mais organizados, a escravidão em Roma foi abalada e, posteriormente, acabou sendo extinta.
c) Embora a maioria dos escravos fossem destinados aos serviços pesados, alguns deles exerciam atividades especializadas, como médicos, dançarinos, músicos e professores.
d) Entre o crescimento do cristianismo e o fim do escravismo em Roma, não há uma relação direta, pois a Igreja nascente ignorou os escravos.
e) Na fase de desagregação do Império, a mais belicosa da história romana, o número de escravos elevou-se consideravelmente, barateando o preço e popularizando o uso dessa mão-de-obra.

2. Considere a ilustração:


Durante muitos séculos, os antigos romanos divertiram-se com a atuação dos gladiadores nos chamados espetáculos públicos, que utilizavam diferentes tipos de armas, permitidas pelas autoridades de Roma, como as que podem ser observadas na ilustração. Esses gladiadores eram recrutados, principalmente, entre

a) homens poderosos da plebe.
b) cidadãos da nobreza romana.
c) servos dos latifúndios estatais.
d) escravos das áreas dominadas.
e) heróis das conquistas romanas.

3. O escravismo antigo foi uma invenção do mundo greco-romano que forneceu a base última tanto das suas realizações como do seu eclipse. Sobre esse sistema, assinale o que for correto.

(01) Nas duas grandes épocas clássicas da Antiguidade, a Grécia dos séculos V e IV a.C. e Roma do século II a.C. ao II d.C., a escravatura foi massiva.
(02) A liberdade e a escravatura helênicas eram indivisíveis: cada uma delas era condição estrutural da outra.
(04) As cidades-Estado gregas tornaram a escravatura pela primeira vez absoluta na forma e dominante na extensão, transformando- a de recurso subsidiário em modo de produção sistemático.
(08) Instituição solidamente enraizada nas sociedades antigas, não foi proposta sua abolição: mesmo nas grandes rebeliões de escravos, os revoltosos em geral almejavam a liberdade individual e não a supressão do sistema.
(16) A manumissão, concessão de liberdade ao escravo, foi uma prática generalizada na Roma escravista.

4. Os costumes e leis romanas abriam possibilidades para que, em certos casos, o liberto se tornasse cidadão, ao contrário do que acontecia na Grécia pré-romana. Nesse sentido, é correto afirmar que na sociedade romana

a) os escravos teriam o direito de adquirir a alforria de modo incondicional, embora os seus descendentes libertos não gozassem desse privilégio por serem considerados cidadãos de segunda ordem.
b) o pecúlio era uma propriedade exclusiva do liberto e do escravo, de modo que este poderia concedê-lo a um filho, à esposa ou então a um outro escravo que não tivesse direito legal da propriedade.
c) as fontes históricas provam que a escravidão  romana era a mais humanitária do mundo antigo, tanto que os libertos, sem exceção, exerciam altas funções políticas, podendo ocupar uma função religiosa.
d) a concentração de libertos era uma das mais altas, o que evitou diversas formas de resistência servil e de revoltas escravas, como a de Spartacus, que abalou a democracia ateniense.
e) Embora o liberto não pudesse, em princípio, aspirar a cargos oficiais e ingressar em ordens privilegiadas, como as senatorial e eqüestre, os seus descendentes poderiam ter essa prerrogativa.

5.            "Os animais da Itália possuem cada um sua toca, seu abrigo, seu refúgio. No entanto, os homens que combatem e morrem pela Itália estão à mercê do ar e da luz e nada mais: sem lar, sem casa, erram com suas mulheres e crianças. Os generais mentem aos soldados quando, na hora do combate, os exortam a defender contra o inimigo suas tumbas e seus lugares de culto, pois nenhum destes romanos possui nem altar de família, nem sepultura de ancestral. É para o luxo e enriquecimento de outrem que combatem e morrem tais pretensos senhores do mundo, que não possuem sequer um torrão de terra.
                (Plutarco, Tibério Graco, IX, 4. In: PINSKY, J. "100 Textos de História Antiga". São Paulo: Contexto, 1991. p. 20.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, pode-se afirmar que a Lei da Reforma Agrária na Roma Antiga

a) proposta pelos irmãos Graco, Tibério e Caio, era uma tentativa de ganhar apoio popular para uma nova eleição de Tribunos da Plebe, pois pretendiam reeleger-se para aqueles cargos.
b) proposta por Tibério Graco, tinha como verdadeiro objetivo beneficiar os patrícios, ocupantes das terras públicas que haviam sido conquistadas com a expansão do Império.
c) tinha o objetivo de criar uma guerra civil, visto que seria a única forma de colocar os plebeus numa situação de igualdade com os patrícios, grandes latifundiários.
d) era vista pelos generais do exército romano como uma possibilidade de enriquecer, apropriando-se das terras conquistadas e, por isto, tinham um acordo .rmado com Tibério.
e) foi proposta pelos irmãos Graco, que viam na distribuição de terras uma forma de superar a crise provocada pelas conquistas do período republicano, satisfazendo as necessidades de uma plebe numerosa e empobrecida.

6. Sobre a crise da República e o surgimento do Império Romano, é correto afirmar que:

a) foi ocasionada pelo êxodo rural e pelas crises de abastecimento, que geraram conflitos civis e constantes convocações de ditadores, generais e triunviratos.
b) foi ocasionada por causa do descontentamento dos plebeus frente ao monopólio da política nas mãos das elites patrícias, e, frente a isso, os plebeus passaram a reivindicar seus direitos, recusando-se a fazer parte do exército.
c) foi ocasionada por causa da expansão territorial romana para fora da península Itálica. A conquista da supremacia no mar Mediterrâneo despertou a hostilidade dos cartagineses, que acabaram contribuindo para a instabilidade da República.
d) foi ocasionada em função da revolta liderada pelo gladiador Espártaco, que organizou uma rebelião escrava com a finalidade de tornar-se imperador.
e) foi ocasionada por causa do colapso do sistema escravista, causado pelo fim das guerras de conquistas e a perda da principal fonte de mão-de-obra: os prisioneiros escravizados.

7. Leia as afirmativas sobre a República Romana (509-27 a.C.).

I. Nos primeiros tempos da República, a sociedade era composta por apenas dois setores: os patrícios e os escravos.
II. Os escravos, pouco numerosos no início da República, cresceram numericamente com as guerras de conquista.
III. Entre as funções públicas em Roma, havia os cônsules, os pretores e os tribunos da plebe.
IV. Em 494 a.C., plebeus rebelados se retiram para o Monte Sagrado, ameaçando fundar outra cidade se não tivessem, entre outras reivindicações, o direito de eleger seus próprios magistrados.
V. Com o expansionismo romano e as suas conquistas territoriais, houve um grupo especialmente beneficiado: os plebeus, que passaram a vender trigo para os povos dominados.

São corretas as afirmativas
a) I, II e III, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) II, III, IV e V, apenas.
d) III, IV e V, apenas.
e) I, II, III, IV, V.

8. O crescimento do Império Romano contribuiu para aumentar suas dificuldades administrativas. O Direito teve uma importância fundamental na superação dessas dificuldades. Na história do Ocidente, o Direito Romano:

a) foi superado pelos ensinamentos trazidos pelos mestres bizantinos da Idade Média.
b) mantém um lugar de destaque nos estudos das normas sociais existentes na Antigüidade.
c) teve uma importância ilimitada ao mundo europeu medieval, sendo esquecido pelos modernos.
d) conseguiu firmar-se no mundo europeu, mas manteve-se desconhecidos nas culturas orientais.
e) está superado no mundo atual, não merecendo atenção dos estudos jurídicos contemporâneos.

9. Leia atentamente os textos:

                "Arrio dizia 'rúbrica' em vez de rubrica / e por pudico 'púdico' dizia / e achava que falava tão incrivelmente / que se podia 'púdico' dizia. / Creio que assim a mãe, assim o tio liberto, / assim o avô materno e a avó falavam. / Foi à Hispânia e os ouvidos descansaram todos; / as palavras soavam leves, lindas / e tais palavras nunca mais ninguém temeu. / Súbito chega a hórrida notícia: / os iberos, depois que Arrio foi para lá, / Iberos já não eram, eram 'Íberos'."
                (Gaius Valerius Catullus. Poema 84 (Texto do século I a.C.). Tradução poética de João Ângelo Oliva Neto. In: FUNARI, P.P.A. "Antigüidade clássica: a história e a cultura a partir de documentos". Campinas: Editora da Unicamp, 1995. p.1.)

                "Mais ou menos na mesma época, o Senado discutiu o comportamento ofensivo dos ex-escravos. Houve uma argumentação geral no sentido de que os proprietários tivessem o direito de retirar a liberdade de ex-escravos que não a merecessem. [...] Nero duvidava sobre a decisão [...]. Há ex-escravos por toda parte. A maioria dos eleitores está formada por ex-escravos, como também ocorre com os assistentes dos magistrados, os auxiliares dos sacerdotes, a patrulha noturna e os bombeiros; a maioria dos eqüestres e muitos dos senadores são descendentes de ex-escravos [...]".
                (Publius Cornelius Tacitus. Anais (XIII, 26-7) (texto do século I d.C.). In: CARDOSO, C. F. "Trabalho compulsório na Antiguidade". Rio de Janeiro: Graal, 1984. p.140-1.)

De acordo com os textos e com os conhecimentos sobre o tema é correto afirmar:

a) Iniciou-se neste período, de acordo com o édito de Nero, um processo de reformas no latim erudito, visando torná-lo mais acessível às classes populares em ascensão na sociedade romana, devido ao desenvolvimento comercial.
b) A ausência de transformações sociais em Roma fez com que o Senado desejasse retirar a liberdade de ex-escravos, pois estes, sendo tão numerosos, impediam o desenvolvimento comercial e fabril.
c) Embora os ex-escravos fossem motivo de chacota para muitos membros da elite romana, Nero deveria promover uma reforma política, ampliando os direitos econômicos das classes pobres que se agitavam em razão da escassez de gêneros alimentícios.
d)  As transformações sociais expressas pela linguagem dos referidos autores demonstram que o latim perdeu a força unificadora do Império, dando lugar às línguas locais como o português, o espanhol, o italiano e o francês.
e) Processava-se uma ruptura na sociedade romana, pois os ex-escravos, motivo de zombaria das elites, com o passar do tempo tornaram-se numerosos, tendo ascendido até as mais elevadas categorias sociais.

10. A história política da Roma antiga é dividida em três etapas: a Monarquia, a República e o Império.
Sobre a participação dos plebeus no Regime Republicano, é correto afirmar:

a) a instalação da República foi um ato revolucionário dos plebeus, que afastaram os patrícios do poder, criando a Assembléia Popular.
b) a criação da Assembléia da Plebe resultou da resistência dos plebeus contra o controle do poder político republicano nas mãos dos patrícios.
c) o envolvimento da plebe na "res publica" (coisa pública) romana rompeu com a estrutura social, afastando os patrícios do poder.
d) o controle do poder pelos plebeus, criando leis populares, justificou o apoio dos patrícios à instalação do Império de Júlio César.

11. "ELEFANTES - Vendo. Para circo ou zoológico. Usados mas em bom estado. Já domados e com baixa do exército. Tratar com Aníbal." (p. 143)
"TORRO TUDO - E toco cítara. Tratar com Nero." (p.144)
                VERISSIMO, Luis Fernando. O Classificado através da História. In: "Comédias para se ler na escola". São Paulo: Objetiva, 2001.

Sobre Roma na Antigüidade, é CORRETO afirmar que:

(01) Aníbal foi um conhecido comandante de Cartago, que combateu os romanos  durante as Guerras Púnicas.
(02) as Guerras Púnicas, que envolveram Cartago e Roma, aconteceram no contexto da expansão territorial romana.
(04) a expansão territorial acabou se revelando um fracasso. Isto pode ser percebido pela ausência de alterações nos hábitos da sociedade romana nos períodos que se sucederam.
(08) o domínio de Roma no Mediterrâneo favoreceu o fim da República e a ascensão do Império.
(16) Nero foi um governante de Roma conhecido pelo apoio que prestou aos cristãos, sendo responsável por elevar o Cristianismo a religião oficial do Império Romano.
(32) o período de governo de Nero é conhecido como um momento de decadência do Império Romano, cujos motivos estão, entre outros, nos graves problemas sociais causados pela existência de uma cidadania restrita e pelos abusos administrativos.
(64) a escravidão, embora presente, nunca foi economicamente relevante na sociedade romana.

12. Leia o texto a seguir:

"A crise desencadeada na sociedade romana pela transformação acelerada das estruturas sociais ocorrida após a segunda guerra púnica atingiu em meados do século II a.C. uma fase em que se tornava inevitável a eclosão de conflitos declarados. A agudização das contradições no seio da organização social romana, por um lado e, por outro, as fraquezas cada vez mais evidentes do sistema de governo republicano tiveram como resultado uma súbita eclosão das lutas sociais e políticas."
                Fonte: ALFOLDY, G. "A História Social de Roma". Tradução de Maria do Carmo Cary. Lisboa: Editorial Presença, 1989, p. 81.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, considere as afirmativas a seguir.

I. Na revolta dos escravos, as frentes estavam bem definidas, pois tratava-se principalmente de uma luta dos escravos rurais contra os seus senhores e contra o Estado romano, que protegia estes últimos. Este período iniciou-se com a primeira revolta de escravos na Sicília e terminou com a revolta de Espártaco.
II. As revoltas dos habitantes das províncias e dos itálicos podem ser consideradas movimentos de camadas sociais homogêneas. Os seus objetivos eram a luta pela libertação dos membros de uma camada social oprimida e não a libertação de comunidades, Estados ou povos outrora independentes da opressão do Estado romano.
III. Um dos conflitos mais significativos tinha lugar entre os cidadãos romanos, divididos em grupos, com objetivos opostos. O objetivo primeiro de uma das facções, a dos políticos reformistas, era resolver os problemas sociais do proletariado de Roma; a ela se opunha a resistência da oligarquia, igualmente numerosa.
IV. Nas últimas décadas da República, o objetivo primordial dos conflitos passou a ser a conquista do poder de Estado. A questão era saber se esse poder seria exercido por uma oligarquia ou por um único governante. A conseqüência última destes conflitos não foi a mudança da estrutura da sociedade romana, mas a alteração da forma de Estado por ela apoiada.

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

13. "Para ganhar o favor popular, o candidato deve conhecer os eleitores por seu nome, elogiá-los e bajulá-los, ser generoso, fazer propaganda e levantar-lhes a esperança de um emprego no governo. (...) Talvez sua renda privada não possa atingir todo o eleitorado, mas seus amigos podem ajudá-lo a agradar a plebe. (...) Faça com que os eleitores falem e pensem que você os conhece bem, que se dirige a eles pelo seu nome, que sem parar e conscienciosamente procura seu voto, que você é generoso e aberto, que, mesmo antes do amanhecer, sua casa está cheia de amigos, que todas as classes são suas aliadas, que você fez promessas para todo mundo e que as cumpriu, realmente, para a maior parte das pessoas."
                (Marco Túlio Cícero, "Notas sobre as eleições")

As práticas políticas na antiga Roma nos fazem refletir sobre as atuais. Essas palavras de Cícero (106-43 a.C.) revelam
a) a concessão de favores, por parte dos eleitores, para cativar os candidatos.
b) a necessidade de coagir o eleitorado para conseguir seu apoio.
c) o desinteresse da população diante do poder econômico dos candidatos.
d) a existência de relações clientelistas entre eleitores e candidatos.
e) a pequena importância das relações pessoais para o sucesso nas eleições.

14. Após a expansão no Mediterrâneo, a sociedade romana experimentou uma série de mudanças.

I - Com o enriquecimento geral da população, não houve mais necessidade de escravos.
II - Multiplicou-se o número de desocupados nas cidades, em virtude do aumento da mão-de-obra escrava.
III - A religião sofreu uma grande reforma face às influências monoteístas oriundas do Oriente, já no início do Império.
IV - Houve o enriquecimento da minoria patrícia, enquanto que a maioria plebéia empobreceu, aumentando o número de clientes.
V - A conquista do Oriente trouxe uma orientalização dos costumes e a tendência à divinização dos imperadores.

São afirmações corretas:
a) I, II e V.
b) I, III e IV.
c) I, III e V.
d) II, III e IV.
e) II, IV e V.

15. O período que vai de 133 a. C. a 27 a.C. é um dois mais conturbados da história romana. Sucessivas guerras civis conduziram à desintegração da República e à implantação do Império. Sobre este período, são corretas as proposições:

I. Os irmãos Tibério e Caio Graco foram assassinados, ao defenderem interesses patrícios em questões polêmicas, como a da reforma agrária.
II. As disputas, entre facções do exército pelo controle do poder, levaram os generais políticos Caio Mário e Cornélio Sila a uma violenta guerra civil que resultou no fortalecimento do Partido Popular e na vitória de Mário.
III. O primeiro triunvirato (César, Pompeu e Crasso) foi um acordo entre políticos e generais para controlar o poder e diminuir a tensão social, porém, na prática, acentuaram ainda mais a instabilidade política da república.
IV. Júlio César chegou ao poder com apoio do exército e da plebe, mas, ao acumular poderes excessivos, sofreu forte oposição do Senado, sendo, por isto, assassinado em 44 d. C.
V. O Segundo Triunvirato (Marco Antônio, Otávio e Lépido) culminou com a vitória de Otávio que, promovendo reformas políticas, acabou por implantar o Império.

a) I, III e V
b) II, IV e V
c) III, IV e V
d) I, II e III
e) II, III e IV

16. Muitos estudiosos vêem as raízes do Carnaval nas Bacanais, festas romanas celebradas em honra a Baco (também conhecido como Dionísio, entre os gregos), deus do vinho e da embriaguez, da colheita e da fertilidade. Nessas festas, além de se beber muito vinho, cantava-se, dançava-se e representavam-se cenas mitológicas da vida do deus. Baco era representado em carro enfeitado e cercado pelas Bacantes, mulheres cobertas apenas por peles de leão que, tomadas de delírio, gritavam e se contorciam em danças frenéticas.
                (Adaptado de "Dicionário de Mitologia Greco-Romana", São Paulo, Abril Cultural, 1973.)

Comparando-se as Bacanais com os desfiles das Escolas de Samba verifica-se, nos dois,

I - a existência de um momento especial, para os que participam das festividades, em que se pode manifestar alegria, prazer e sensualidade.
II - a expressão dos movimentos da vida através dos movimentos rítmicos da dança.
III - a presença de dramatizações, fantasias, alegorias.
IV - a ocasião em que são consentidas manifestações de desregramento e desrepressão social.

Estão corretas
a) I, II, III e IV.
b) I, II e III apenas.
c) I e III apenas.
d) II, III e IV apenas.
e) II e IV apenas.

17. As raízes do Carnaval têm sido associadas a antigas celebrações religiosas anteriores à época de Cristo, como a Saturnália, em memória a Saturno, deus romano. Durante essas celebrações, distinções sociais não eram levadas em consideração, os escravos davam ordens aos seus senhores e esses os serviam à mesa, interrompiam-se as hostilidades e os escravos percorriam as ruas cantando e se divertindo na maior desordem.
                (Adaptado de Cláudia Lima, "Um sonho de folião", Recife, Editora Bagaço, 1996.)

Pela descrição feita, é possível identificar a seguinte relação entre a Saturnália e o Carnaval: ambos

a) ameaçam a preservação da hierarquia social.
b) expressam a solidariedade que existe entre as classes dominantes e dominadas.
c) permitem a inversão temporária de papéis sociais.
d) foram instituídos por escravos.
e) são importantes porque reforçam as instituições democráticas.

18. Por cerca de cinco séculos, a Roma antiga reinou sobre uma imensa formação imperial. Em relação aos elementos constitutivos desse Império, assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir.

(     ) O sistema econômico imperial repousava sobretudo na exploração de tributos impostos ao mundo conquistado (as províncias) em proveito dos conquistadores romanos.
(     ) O uso do latim na administração e no Exército fez dessa língua o instrumento oficial de comunicação na parte ocidental do Império.
(     ) A crise final do Império esteve ligada ao aumento excessivo do trabalho escravo, que arruinou os pequenos proprietários rurais e os camponeses pobres.
(     ) O Édito de Caracala concedeu a cidadania a todos os homens livres do Império.
(     ) Em nome da "Pax Romana", os estrangeiros era rigorosamente proibidos de entrar na capital do Império.

A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo é
a) F - F - V - V - V.
b) V - V - F - F - F.
c) V - V - F - V - F.
d) V - F - V - F - V.
e) F - F - V - F - V.

19. O Cristianismo niceno tornou-se religião oficial do Império Romano no ano de 380 d.C., com o famoso Édito de Tessalônica, outorgado pelo Imperador Teodósio. Até esse momento, a caminhada havia sido dura e difícil para os seguidores de Cristo. Exemplo disso foram as perseguições movidas por alguns imperadores romanos, em toda a extensão do Império, eternizadas pelos relatos fantásticos e emotivos de vários escritores e historiadores cristãos. É correto apontar como principais causas dessas perseguições:

(01) A recusa da comunidade cristã em realizar o culto à figura do Imperador, considerado como eixo ideológico central do poder imperial.
(02) A constante penetração de elementos cristãos, seja nas filas do exército imperial romano, seja em cargos administrativos de elevada importância; temia-se que os cristãos pudessem servir de "mau" exemplo em termos tanto políticos como ideológicos.
(04) A associação entre os cristãos e os inimigos bárbaros, que punha em risco a estabilidade política e religiosa interna do mundo imperial romano.
(08) Aspectos de índole moral, na medida em que os cristãos eram acusados pelos pagãos de realizar orgias e assassinatos de crianças em seus rituais.
(16) A acusação de que os cristãos agiam como promotores da instabilidade interna do Império, enfraquecendo-o no campo político-institucional.

Soma (       )

20. A perseguição e repressão aos cristãos, por imperadores romanos, estendeu-se até o século IV, quando ocorreu uma alteração decisiva nas relações entre o cristianismo e o poder imperial romano. A esse respeito é CORRETO afirmar:

a) O cristianismo passou de religião perseguida a religião oficial do império romano, e o poder imperial aproveitou o prestígio crescente da religião surgida na Palestina para ampliar sua sustentação política.
b) A oficialização do cristianismo representou um alívio para as finanças do Estado romano, que se desobrigou de financiar os templos e os sacerdotes dos inúmeros cultos pagãos do império.
c) A oficialização do cristianismo promoveu a abolição da escravatura em todo o império, razão pela qual tornou-se a religião mais popular da Antigüidade.
d) A tolerância ao culto cristão só foi concedida devido ao reconhecimento, por parte das autoridades da Igreja, da sacralidade da função do imperador, considerado divino entre os homens.
e) Apesar das iniciativas de Constantino e Teodósio, a Igreja cristã só foi oficializada na parte Oriental do Império que, com isso, reuniu forças suficientes para resistir às invasões do século V.